05 abril 2008

Língua Portuguesa

ASSASSINANDO A LÍNGUA PORTUGUESA









TRISTE REALIDADE









PLEONASMOS








































































































































































































































































































































































































































































































































































































EXEMPLO PRÁTICO DA VELHA FRASE "A EMENDA SAIU PIOR QUE O SONETO"





























1)TRINTA DICAS PARA ESCREVER BEM (Dizem que o autor é o Professor João Pedro,da UNICAMP)


1. Deve-se evitar ao máx. a utiliz. de abrev., etc.

2. É desnecessário fazer-se empregar de um estilo de escrita demasiadamente rebuscado. Tal prática advém de esmero excessivo que raia o exibicionismo narcisístico.

3. Anule aliterações altamente abusivas.

4. não esqueça as maiúsculas no inicio das frases.

5. Evite lugares-comuns como o diabo foge da cruz.

6. O uso de parênteses (mesmo quando for relevante) é desnecessário.

7. Estrangeirismos estão out; palavras de origem portuguesa estão in.

8. Evite o emprego de gíria, mesmo que pareça nice, sacou??...então valeu!

9. Palavras de baixo calão, porra, podem transformar o seu texto numa merda.

10. Nunca generalize: generalizar é um erro em todas as situações.

11. Evite repetir a mesma palavra pois essa palavra vai ficar uma palavra repetitiva. A repetição da palavra vai fazer com que a palavra repetida desqualifique o texto onde a palavra se encontra repetida.

12. Não abuse das citações. Como costuma dizer um amigo meu: "Quem cita os outros não tem idéias próprias".

13. Frases incompletas podem causar

14. Não seja redundante, não é preciso dizer a mesma coisa de formas diferentes; isto é, basta mencionar cada argumento uma só vez, ou por outras palavras, não repita a mesma idéia várias vezes.

15. Seja mais ou menos específico.

16. Frases com apenas uma palavra? Jamais!

17. A voz passiva deve ser evitada.

18. Utilize a pontuação corretamente o ponto e a vírgula pois a frase poderá ficar sem sentido especialmente será que ninguém mais sabe utilizar o ponto de interrogação

19. Quem precisa de perguntas retóricas?

20. Conforme recomenda a A.G.O.P, nunca use siglas desconhecidas.

21. Exagerar é cem milhões de vezes pior do que a moderação.

22. Evite mesóclises. Repita comigo: "mesóclises: evitá-las-ei!"

23. Analogias na escrita são tão úteis quanto chifres numa galinha.

24. Não abuse das exclamações! Nunca!!! O seu texto fica horrível!!!!!

25. Evite frases exageradamente longas pois estas dificultam a compreensão da idéia nelas contida e, por conterem mais que uma idéia central, o que nem sempre torna o seu conteúdo acessível, forçam, desta forma, o pobre leitor a separá-la nos seus diversos componentes de forma a torná-las compreensíveis, o que não deveria ser, afinal de contas, parte do processo da leitura, hábito que devemos estimular através do uso de frases mais curtas.

26. Cuidado com a hortografia, para não estrupar a língúa portuguêza.

27. Seja incisivo e coerente, ou não.

28. Não fique escrevendo (nem falando) no gerúndio. Você vai estar deixando seu texto pobre e estar causando ambigüidade, com certeza você vai estar deixando o conteúdo esquisito, vai estar ficando com a sensação de que as coisas ainda estão acontecendo. E como você vai estar lendo este texto, tenho certeza que você vai estar prestando atenção e vai estar repassando aos seus amigos, que vão estar entendendo e vão estar pensando em não estar falando desta maneira irritante.

29. Outra barbaridade que tu deves evitar, tchê, é usar muitas expressões que acabem por denunciar a região onde tu moras, carajo! . Nada de mandar esse trem...vixi..entendesse, bichinho?

30. Não permita que seu texto acabe por rimar, porque senão ninguém irá aguentar já que é insuportável o mesmo final escutar, o tempo todo sem parar.






2) A LÍNGUA PORTUGUESA AGRADECE (E NOSSOS OUVIDOS TAMBÉM)(DESCONHEÇO O AUTOR)

Mesmo que você saiba de todas essas formas corretas, passe adiante, pode ser útil para outras pessoas.

Nunca diga:

- Menas (sempre menos)

- Iorgute (iogurte)

- Mortandela (mortadela)

- Mendingo (mendigo)

- Trabisseiro (travesseiro)

- Cardaço (cadarço)

- Asterístico (asterisco)

- Meia cansada (meio cansada)


E lembre-se:


- Mal - Bem

- Mau - Bom


Trezentas gramas (a grama pode ser de um pasto).

Se você quer falar de peso, então é O grama: trezentOs gramas.

- Di menor, di maior (é simplesmente maior ou menor de idade).

- Beneficiente (beneficente - lembre-se de Beneficência Portuguesa)

- O certo é BASCULHANTE e não VASCULHANTE, aquela janela do banheiro ou da cozinha.


Se você estiver com muito calor, poderá dizer que está "suando" (com u) e não "soando", pois quem "soa" é sino.

A casa é GEMINADA (do latim geminare = duplicar) e não GERMINADA, que vem de germinar, nascer, brotar.

- O peixe tem ESPINHA (espinha dorsal) e não ESPINHO. Plantas têm espinhos.

- Homens dizem OBRIGADO; mulheres, OBRIGADA.

"FAZ dois anos que não o vejo“ e não “FAZEM dois anos”

- "HAVIA muitas pessoas no local" e não "HAVIAM”

- "PODE HAVER problemas" e não "PODEM HAVER...." (os verbos fazer e haver são impessoais!!)

- PROBLEMA e não POBLEMA ou POBREMA

- A PARTIR e não À PARTIR


O certo é HAJA VISTA (que se oferece à vista) e não HAJA VISTO.

- POR ISSO e não PORISSO (muito comum nas páginas de recado do Orkut, junto com o AGENTE pode marcar algo... Se é um agente, ele pode ser secreto, aduaneiro, de viagens...)

A GENTE = NÓS

O certo é CUSPIR e não GOSPIR.

HALL é ROL, não RAU ou AU. 


Para EU fazer, para EU comprar, para EU comer e não para MIM fazer, para mim comprar ou para mim comer...(mim não conjuga verbo, apenas "eu, tu, eles, nós, vós, eles")


- Você pode ficar com dó (ou com um dó) de alguém, mas nunca com "uma dó"; a palavra dó no feminino é só a nota musical (do, ré, mi, etc etc.)

- As pronúncias:

CD-ROM é igual a ROMA sem o A. Não é CD-RUM (nem CD-pinga, CD-vodka etc). 

ROM é abreviatura de Read Only Memory - memória apenas para leitura.


E agora, o horror divulgado pelo pessoal do TELEMARKETING:

Não é “Eu vou ESTAR mandando”,“Vou ESTAR passando”,“Vou ESTAR verificando”


E sim "Eu vou MANDAR","Vou PASSAR","Vou VERIFICAR".


Da mesma forma, é incorreto perguntar: "COM QUEM VOCÊ QUER ESTAR FALANDO?"

- Veja como é o correto e mais simples: "COM QUEM VOCÊ QUER FALAR?"

- Ao telefone, não use: "Quem gostaria?" "Peraí","Agüenta aí","Só um pouquinho"

Prefira: "Aguarde um momento, por favor"


Por último, e talvez a pior de todas: Por favor, arranquem os malditos SEJE e ESTEJE do seu vocabulário (estas palavras não existem)

- Não é elegante você tratar ao telefone pessoas que não conhece, utilizando termos como: "Querido(a), meu filho(a), meu bem, amigo(a)..." (a não ser que você esteja ironizando-a(o).

Utilize o nome da pessoa ou senhor(a).



Agora, explicações de algumas expressões que usamos e nem sempre sabemos onde originaram-se:


NAS COXAS: As primeiras telhas do Brasil eram feitas de argila moldada nas coxas dos escravos. Como os escravos variavam em tamanhos e porte físicos, as telhas ficavam desiguais.Daí a expressão "Fazendo nas coxas", ou seja, "De qualquer jeito". 



VOTO DE MINERVA: Na mitologia grega, Orestes, filho de Clitemnestra, foi acusado de tê-la assassinado. No julgamento havia empate entre os jurados, cabendo à deusa Minerva, da Sabedoria, o voto decisivo. O réu foi absolvido, e Voto de Minerva é, portanto, o voto decisivo. 


Na época do Brasil Império, mais especificamente durante a menoridade de Dom Pedro II, os homens que realmente mandavam no país costumavam se encontrar num prostíbulo do Rio de Janeiro, cuja proprietária se chamava Joana. Como fora dali esses homens mandavam e desmandavam no país, a expressão "Casa da mãe Joana" ficou conhecida como sinônimo de lugar em que ninguém manda,ou local onde cada um faz o que quiser.Uma zona mesmo.


CONTO DO VIGÁRIO: Duas igrejas de Ouro Preto receberam de presente uma única imagem de determinada santa, e, para decidir qual ficaria com ela, os vigários apelaram à decisão de um burrico. Colocaram-no entre as duas paróquias e esperaram o animalzinho caminhar até uma delas.A escolhida pelo quadrúpede ficaria com a santa. E o burrico caminhou direto para uma delas... Só que, mais tarde, descobriram que um dos vigários havia treinado o burrico, e "Conto do vigário" passou a ser sinônimo de falcatrua e malandragem.


FICAR A VER NAVIOS:Dom Sebastião, jovem e querido rei de Portugal (século XVI), desapareceu na batalha de Alcácer-Quibir, no Marrocos.O corpo nunca foi encontrado, e por isso o povo português se recusava a acreditar na morte do monarca; era comum pessoas subirem ao Alto de Santa Catarina, em Lisboa, na esperança de ver o Rei regressando à pátria. Como ele não voltou, o povo "Ficou a ver navios".



NÃO ENTENDO PATAVINAS: Os portugueses tinham enorme dificuldade em entender o que falavam os frades italianos patavinos, originários de Pádua, ou Padova. Daí que "Não entender patavinas" significa "Não entender nada".


DOURAR A PÍLULA:Antigamente as farmácias embrulhavam as pílulas amargas em papel dourado para melhorar o aspecto do remedinho. É por isso que a expressão “Dourar a pílula” significa "Melhorar a aparência de algo ruim".


SEM EIRA NEM BEIRA: Os telhados de antigamente possuíam eira e beira, detalhes que conferiam status ao dono do imóvel.Possuir eira e beira era sinal de riqueza e de cultura. "Estar sem eira nem beira" significa que a pessoa é pobre e não tem instrução. 










3) PALAVRÕES TAMBÉM SÃO IMPORTANTES (DESCONHEÇO O AUTOR)


























Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo fazendo sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia, sem que isso signifique a "vulgarização" do idioma, mas apenas sua maior aproximação com a gente simples das ruas e dos escritórios, seus sentimentos, suas emoções, seu jeito, sua índole.

"Pra caralho",por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que "Pra caralho"? "Pra caralho" tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. A Via- Láctea tem estrelas pra caralho, o Sol é quente pra caralho, o universo é antigo pra caralho, eu gosto de cerveja pra caralho,entende?

No gênero do "Pra caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "Nem fodendo!". O "Não, não e não!", assim como o "Absolutamente Não" já soam sem nenhuma credibilidade. O "Nem fodendo" é irretorquível, e liquida o assunto. Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida. Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo "Marquinhos, presta atenção, filho querido, NEM FODENDO!". O impertinente se manca na hora e vai pro shopping se encontrar com a turma numa boa, e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Caetano Veloso.

Por sua vez, o "Porra nenhuma!" atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional. Como comentar a bravata daquele chefe idiota senão com um "É PhD porra nenhuma!", ou "Ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!". O "Porra nenhuma", como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem-estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha.São dessa mesma gênese os clássicos “Aspone”, “Chepone”, “Repone” e mais recentemente, o “Prepone”:Presidente de Porra Nenhuma.


Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um "Puta-que-pariu!", ou seu correlato "Puta-que-o-pariu!", falados assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba. Diante de uma notícia irritante, qualquer "Puta-que-o-pariu!" dito assim te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.

E o que dizer de nosso famoso "Vai tomar no cu!"? E sua maravilhosa e reforçadora derivação "Vai tomar no meio do seu cu!".Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável , se dirige ao canalha do seu interlocutor e solta: "Chega! Vai tomar no meio do seu cu!". Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoa a camisa e sai à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.

E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu!". E sua derivação mais avassaladora ainda: "Fodeu de vez!". Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação? Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala? "Fodeu de vez!".

Sem contar que o nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "Foda-se!" que ela fala. Existe algo mais libertário do que o conceito do "Foda-se!"? O "Foda-se!" aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Me liberta. "Não quer sair comigo? Então foda-se!". "Vai querer decidir essa merda sozinho (a) mesmo? Então foda-se!". O direito ao "Foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição Federal.

Liberdade, Igualdade, Fraternidade... e Foda-se!




4)SABEM A DIFERENÇA ENTRE "TU" E "VOCÊ"? (DESCONHEÇO O AUTOR)

Para quem pensa que sabe, eis um pequeno exemplo, que ilustra muito bem essa diferença:

O Diretor-Geral de um banco estava preocupado com um jovem e brilhante Diretor, que depois de ter trabalhado durante algum tempo com ele, sem parar nem para almoçar, começou a ausentar-se ao Meio-Dia.

Então o Diretor-Geral chamou um detetive e disse-lhe:

- Siga o Diretor Lopes durante uma semana, durante o horário de almoço.

O detetive, após cumprir a ordem, voltou e informou:

- O Diretor Lopes sai normalmente ao Meio-Dia, pega o seu carro, vai à sua casa almoçar, trepa com a sua mulher, fuma um dos seus excelentes cubanos, e regressa ao trabalho.

Responde o Diretor-Geral, aliviado:

- Ah, bom, antes assim. Não há nada de mal nisso.

Logo em seguida, o detetive pergunta:

- Desculpe. Posso tratá-lo por “tu”?

- Sim, claro, respondeu o Diretor surpreso.

-Bom, então vou repetir: O Diretor Lopes sai normalmente ao Meio-Dia, pega o teu carro, vai à tua casa almoçar, trepa com a tua mulher, fuma um dos teus excelentes cubanos, e regressa ao trabalho.

A Língua Portuguesa é mesmo fascinante!




5)PALAVRAS PERFEITAS (DESCONHEÇO O AUTOR)

Apenas a Língua Portuguesa nos permite escrever isso:

"Pedro Paulo Pereira Pinto, pequeno pintor português, pintava portas, paredes, portais. Porém, pediu para parar porque preferiu pintar panfletos.

Partindo para Piracicaba, pintou prateleiras para poder progredir. Posteriormente, partiu para Pirapora. Pernoitando, prosseguiu para Paranavaí, pois pretendia praticar pinturas para pessoas pobres, porém pouco praticou, porque Padre Paulo pediu para pintar panelas, porém posteriormente pintou pratos para poder pagar promessas.

Pálido, porém personalizado, preferiu partir para Portugal para pedir permissão para papai para permanecer praticando pinturas, preferindo, portanto, Paris.
Partindo para Paris, passou pelos Pirineus, pois pretendia pintá-los. Pareciam plácidos, porém, pesaroso, percebeu penhascos pedregosos, preferindo pintá-los parcialmente, pois perigosas pedras pareciam precipitar-se principalmente pelo Pico, porque pastores passavam pelas picadas para pedirem pousada, provocando provavelmente pequenas perfurações, pois, pelo passo percorriam, permanentemente, possantes potrancas.

Pisando Paris, permissão para pintar palácios pomposos, procurando pontos pitorescos, pois, para pintar pobreza, precisaria percorrer pontos perigosos, pestilentos, perniciosos, preferindo Pedro Paulo precaver-se. Profundas privações passou Pedro Paulo. Pensava poder prosseguir pintando, porém, pretas previsões passavam pelo pensamento, provocando profundos pesares, principalmente por pretender partir prontamente para Portugal.

Povo previdente, pensava Pedro Paulo... Preciso partir para Portugal porque pedem para prestigiar patrícios, pintando principais portos portugueses. “Paris! Paris!” ,proferiu Pedro Paulo. Parto, porém penso pintá-la permanentemente, pois pretendo progredir.

Pisando Portugal, Pedro Paulo procurou pelos pais, porém, Papai Procópio partira para Província. Pedindo provisões, partiu prontamente, pois precisava pedir permissão para Papai Procópio para prosseguir praticando pinturas. Profundamente pálido, perfez percurso percorrido pelo pai.

Pedindo permissão, penetrou pelo portão principal. Porém, Papai Procópio, puxando-o pelo pescoço, proferiu: Pediste permissão para praticar pintura, porém,praticando, pintas pior. Primo Pinduca pintou perfeitamente prima Petúnia.Por que pintas porcarias,peste?

Pó, papai, proferiu Pedro Paulo, pinto porque permitiste, porém, preferindo,poderei procurar profissão própria para poder provar perseverança, pois pretendo permanecer por Portugal.

Pegando Pedro Paulo pelo pulso, penetrou pelo patamar, procurando pelos pertences, partiu prontamente, pois pretendia pôr Pedro Paulo para praticar profissão perfeita: pedreiro!

Passando pela ponte, precisaram pescar para poderem prosseguir peregrinando. Primeiro, pegaram peixes pequenos, porém, passando pouco prazo, pegaram pacus, piaparas, pirarucus. Partindo pela picada próxima, pois pretendiam pernoitar pertinho, para procurar primo Péricles primeiro.

Pisando por pedras pontudas, Papai Procópio procurou Péricles, primo próximo, pedreiro profissional perfeito. Poucas palavras proferiram, porém prometeu pagar pequena parcela para Péricles profissionalizar Pedro Paulo.

Primeiramente Pedro Paulo pegava pedras, porém, Péricles pediu-lhe para pintar prédios, pois precisava pagar pintores práticos.Particularmente Pedro Paulo preferia pintar prédios. Pereceu pintando prédios para Péricles, pois precipitou-se pelas paredes pintadas.
Pobre Pedro Paulo, pereceu pintando..."Permita-me, pois, pedir perdão pela paciência, pois pretendo parar para pensar...Para parar, preciso pensar. Pensei. Portanto, parei. PRONTO..."

E você ainda se acha o máximo quando consegue dizer:

"O Rato Roeu a Rolha da garrafa de Rum do Rei da Rússia."?




6)A IMPORTÂNCIA DA PONTUAÇÃO (DESCONHEÇO O AUTOR)

Um homem rico estava muito mal. Pediu papel e pena. Escreveu assim:

Deixo meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do alfaiate nada dou aos pobres.

Morreu antes de fazer a pontuação. A quem deixava ele a fortuna? Eram quatro concorrentes.

1 - O sobrinho fez a seguinte pontuação:

Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do alfaiate. Nada dou aos pobres.

2 - A irmã chegou em seguida. Pontuou assim o escrito:

Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do alfaiate. Nada dou aos pobres.

3 - O alfaiate pediu cópia do original. Puxou a brasa pra sardinha dele:

Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do alfaiate. Nada dou aos pobres.

4 - Aí, chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido, fez esta interpretação:

Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do alfaiate? Nada! Dou aos pobres.

Conclusão: Assim é a vida. Nós é que colocamos os pontos. E isso faz a diferença.




7)GRAMÁTICA

Dizem que este brilhante texto é uma redação feita por uma aluna do curso de Letras, da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE - que venceu um concurso promovido pelo professor de Gramática Portuguesa.


”Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas comum maravilhoso predicado nominal. Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos.

O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice.

De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo.

Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto. Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar.

Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto. Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois.

Estavam nessa ênclise, quando ela confessou que ainda era vírgula; ele não perdeu o ritmo, e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros. Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta.

Estavam na posição de primeira e segunda pessoas do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.

Nisso, a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas. Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história.

Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício. O verbo auxiliar se entusiasmou, e mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura, minha gente! Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto. Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos.

Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois. Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria no gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.

O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à Língua Portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva."




8)CORRIGINDO VELHOS DITADOS (DESCONHEÇO O AUTOR)

É dando.........................................que se engravida.

Quem ri por último.......................é retardado.

Alegria de pobre..........................é impossível.

Quem com ferro fere...................não sabe como dói.

Sol e chuva..................................vou sair de guarda-chuva.

Em casa de ferreiro....................só tem ferro.

Devo, não pago...........................nego enquanto puder.

Quem tem boca vai....................ao dentista.

Gato escaldado .........................morre.

Quem espera..............................sempre cansa.

Quando um não ao quer................o outro insiste.

Os últimos...................................serão desclassificados.

Carro a álcool.............................você ainda vai empurrar um.

Há males.....................................que vêm para pior.

A esperança e a sogra..............são as últimas que morrem.

Depois da tempestade..............vem a gripe.

Devagar.......................................nunca se chega.

Antes tarde.................................do que mais tarde.

Em terra de cego.......................quem tem um olho é caolho.

Quem cedo madruga.................fica com sono o dia inteiro.

Pau que nasce torto.................mija fora da privada.




9)TENTE LER SEM ERRAR (É uma brincadeira)

O gato assim fez
O gato é fez
O gato como fez
O gato se fez
O gato mantém fez
O gato um fez
O gato folgado fez
O gato ocupado fez
O gato por fez
O gato quarenta fez
O gato segundos fez

Para entender a brincadeira, agora leia somente a terceira palavra de cada frase.

Tente outra vez:


10)Tenho só tenho
Tenho um tenho
Tenho idiota tenho
Tenho como tenho
Tenho você tenho
Tenho pode tenho
Tenho ler tenho
Tenho tanto tenho
Tenho tenho tenho





11)CAMÕES

Não sei se é verdade, mas vamos lá:


Vestibular da Universidade da Bahia cobrou dos candidatos a interpretação do seguinte trecho de um poema de Camões:


"Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente,
é um contentamento descontente,
dor que desatina sem doer".

Uma vestibulanda de 16 anos deu a sua interpretação:

"Ah! Camões, se vivesses hoje em dia,
tomavas uns antipiréticos,
uns quantos analgésicos
e Prozac para a depressão.

Compravas um computador,
consultavas a internet
e descobririas que essas dores que sentias,
esses calores que te abrasavam,
essas mudanças de humor repentinas,
esses desatinos sem nexo,
não eram feridas de amor,
mas somente falta de sexo!"

Ganhou nota dez. Foi a primeira vez que, ao longo de mais de 500 anos, alguém desconfiou que o problema de Camões era falta de mulher... Ou de homem...



12)CEM DICAS DE PORTUGUÊS (Moacir Japiassu)

1 - "Custas só se usa na linguagem jurídica" para designar despesas feitas no processo. Portanto, devemos dizer: "O filho vive à custa do pai". No singular.

2 - Não existe a expressão "à medida em que". Ou se usa à medida que correspondente a à proporção que, ou se usa na medida em que equivalente a tendo em vista que.

3 - 'O certo é " a meu ver" e não ao meu ver.

4 - "A princípio" significa inicialmente, "antes de mais nada": Ex: A princípio, gostaria de dizer que estou bem. "Em princípio" quer dizer "em tese". Ex: Em princípio, todos concordaram com minha sugestão.

5 - "À-toa", (com hífen), é um adjetivo e significa "inútil", "desprezível". Ex: Esse rapaz é um sujeito à-toa. "À toa", (sem hífen), é uma locução adverbial e quer dizer "a esmo", "inutilmente". Ex: Andava à toa na vida.

6 - Com a conjunção se, deve-se utilizar acaso, e nunca caso. O certo: "Se acaso vir meu amigo por aí, diga-lhe..." Mas podemos dizer: "Caso o veja por aí...".

7 - 'Acerca de' quer dizer 'a respeito de'. Veja: Falei com ele acerca de um problema matemático. Mas há cerca de é uma expressão em que o verbo haver indica tempo transcorrido, equivalente a faz. Veja: Há cerca de um mês que não a vejo.

8 - Não esqueça: alface é substantivo feminino. A Alface está bem verdinha.

9 - Além pede sempre o hífen: 'além-mar', 'além-fronteiras', etc.

10 - Algures é um advérbio de lugar e quer dizer 'em algum lugar'. Já alhures significa 'em outro lugar'.

11 - Mantenha o timbre fechado do o no plural dessas palavras: 'almoços', 'bolsos', 'estojos', 'esposos', 'sogros', 'polvos', etc.

12 - O certo é 'alto-falante', e não auto-falante.

13 - O certo é 'alugam-se casas', e não aluga-se casas. Mas devemos dizer precisa-se de empregados, trata-se de problemas. Observe a presença da preposição (de) após o verbo. É a dica pra não errar.

14 - Depois de ditongo, geralmente se emprega x. Veja: 'afrouxar', 'encaixe', 'feixe', 'baixa', 'faixa', 'frouxo', 'rouxinol', 'trouxa', 'peixe', etc.

15 - Ancião tem três plurais: 'anciãos', 'anciães', 'anciões'.

16 - Só use ao 'invés de' para significar 'ao contrário de', ou seja, 'com idéia de oposição'. Veja: Ela gosta de usar preto ao invés de branco. Ao invés de chorar, ela sorriu. Em vez de quer dizer em lugar de. Não tem necessariamente a idéia de oposição. Veja: Em vez de estudar, ela foi brincar com as colegas. (Estudar não é antônimo de brincar).

17 - Ainda se vê e se ouve muito aterrisar em lugar de aterrissar, com dois s. 'Escreva sempre com o s dobrado'.

18 - 'Não existe preço barato ou preço caro'. Só existe preço alto ou baixo. 'O produto, sim, é que pode ser caro ou barato'. Veja: Esse televisor é muito caro. O preço desse televisor é alto.

19 - Ainda se vê muito, principalmente na entrada das cidades, a expressão bem vindo (sem hífen) e até benvindo. As duas estão erradas. Deve-se escrever 'bem-vindo', sempre com hífen.

20 - Atenção: 'nunca empregue hífen depois de bi, tri, tetra, penta, hexa, etc'. O nome fica sempre coladinho. O Sport se tornou tetracampeão no ano 2000. O Náutico foi hexacampeão em 1968. O Brasil foi bicampeão em 1962.

21 - Veja bem: 'uma revista bimensal é publicada duas vezes ao mês', ou seja, 'de 15 em 15 dias'. 'A revista bimestral só sai nas bancas de dois em dois meses'. Percebeu a diferença?

22 - Hoje, tanto se diz 'boêmia' como 'boemia'. Nelson Gonçalves consagrou a segunda, com a tonacidade no mia.

23 - Cuidado: 'Eu caibo' dentro daquela caixa. A primeira pessoa do presente do indicativo assim se escreve porque o verbo é irregular.

24 - Preste atenção: 'o senador Luiz Estêvão foi cassado'. Mas 'o leão foi caçado' e nunca foi achado. Portanto, 'cassar' (com dois s) quer dizer tornar nulo, sem efeito.

25 - Existem palavras que 'só devem ser empregadas no plural'. Veja: os óculos, as núpcias, as olheiras, os parabéns, os pêsames, as primícias, os víveres, os afazeres, os anais, os arredores, os escombros, as fezes, as hemorróidas, etc.

26 - Pouca gente tem coragem de usar, mas o plural de caráter é 'caracteres'. Então, Carlos pode ser um bom-caráter, mas os dois irmãos dele são dois maus-caracteres.

27 - 'Cartão de crédito e cartão de visita não pedem hífen'. 'Já cartão-postal exige o tracinho'.

28 - 'Catequese se escreve com s', mas 'catequizar é com z'. Esse português...

29 - O exemplo acima foge de uma regrinha que diz o seguinte: os verbos derivados de palavras primitivas grafadas com s formam-se com o acréscimo do sufixo -ar: análise-analisar, pesquisa-pesquisar, aviso-avisar, paralisia-paralisar, etc.

30 - 'Censo é de recenseamento'; 'senso refere-se a juízo'. Veja: O censo deste ano deve ser feito com senso crítico.

31 - 'Você não bebe a champanhe. Bebe o champanhe'. É, portanto, palavra masculina.

32 - 'Cidadão só tem um plural: cidadãos'.

33 - Cincoenta não existe. 'Escreva sempre cinquenta'.

34 - Ainda tem gente que erra quando vai falar gratuito e dá tonicidade ao i, como de fosse gratuíto. 'O certo é gratuito', da mesma forma que pronunciamos intuito, circuito, fortuito, etc.

35 - E ainda tem gente que teima em dizer rúbrica, em vez de rubrica, com a sílaba bri mais forte que as outras. 'Escreva e diga sempre rubrica'.

36 - 'Ninguém diz eu coloro esse desenho'. Dói no ouvido. Portanto, o verbo colorir é defectivo (defeituoso) e não aceita a conjugação da primeira pessoa do singular do presente do indicativo. 'A mesma coisa é o verbo abolir'. Ninguém é doido de dizer eu abulo. Pra dar um jeitinho, diga: Eu vou colorir esse desenho. Eu vou abolir esse preconceito.

37 - 'Outro verbo danado é computar'. Não podemos conjugar as três primeiras pessoas: eu computo, tu computas, ele computa. A gente vai entender outra coisa, não é mesmo? Então, para evitar esses palavrões, decidiu-se pela proibição da conjugação nessas pessoas. Mas se conjugam as outras três do plural: computamos, computais, computam.

38 - Outra vez atenção: os verbos terminados em -uar fazem a segunda e a terceira pessoa do singular do presente do indicativo e a terceira pessoa do imperativo afirmativo em -e e não em -i. Observe: Eu quero que ele continue assim. Efetue essas contas, por favor. Menino, continue onde estava.

39 - A propósito do item anterior, devemos lembrar que os verbos terminados em -uir devem ser escritos naqueles tempos com -i, e não -e. Veja: Ele possui muitos bens. Ela me inclui entre seus amigos de confiança. Isso influi bastante nas minhas decisões. Aquilo não contribui em nada com o progresso.

40 - 'Coser significa costurar'. 'Cozer significa cozinhar'.

41 - 'O correto é dizer deputado por São Paulo', 'senador por Pernambuco', e não deputado de São Paulo e senador de Pernambuco.

42 - 'Descriminar' é absolver de crime, inocentar. 'Discriminar' é distinguir, separar. Então dizemos: Alguns políticos querem descriminar o aborto. Não devemos discriminar os pobres.

43 - 'Dia a dia (sem hífen) é uma expressão adverbial que quer dizer todos os dias, dia após dia'. Por exemplo: Dia a dia minha saudade vai crescendo. Enquanto que 'dia-a-dia (com hífen) é um substantivo que significa cotidiano' e admite o artigo: O dia-a-dia dessa gente rica deve ser um tédio.

44 - 'A pronúncia certa é disenteria', e não desinteria.
45 - A palavra 'dó (pena) é masculina'. Portanto, 'Sentimos muito dó daquela moça'.

46 - 'Nas expressões é muito, é pouco, é suficiente, o verbo ser fica sempre no singular', sobretudo quando denota quantidade, distância, peso. Ex: Dez quilos é muito. Dez reais é pouco. Dois gramas é suficiente.

47 - 'Há duas formas de dizer': é proibido entrada, e é proibida a entrada. Observe a presença do artigo a na segunda locução.

48 - Já se disse muitas vezes, mas vale repetir: 'televisão em cores', e não a cores.

49 - Cuidado: 'emergir é vir à tona', vir à superfície. Por exemplo: O monstro emergiu do lago. Mas 'imergir é o contrário': é mergulhar, afundar. Veja o exemplo: O navio imergiu em alto-mar.

50 - A confusão é grande, mas 'se admitem as três grafias': 'enfarte, enfarto e infarto'.

51 - Outra dúvida: nunca devemos dizer estadia em lugar de estada. Portanto, a minha estada em São Paulo durou dois dias. Mas a estadia do navio em Santos só demorou um dia. Portanto, 'estada para permanência de pessoas, e estadia para navios ou veículos'.

52 - E não esqueça: 'exceção é com ç', mas 'excesso é com dois ss'.

53 - Lembra-se dos 'verbos defectivos'? Lá vai mais um: 'falir'. No presente do indicativo só apresenta a primeira e a segunda pessoa do plural: nós falimos, vós falis. Já pensou em conjugá-lo assim: eu falo, tu fales...Horrível, não?

54 - Todas as expressões adverbiais formadas por 'palavras repetidas dispensam a crase': 'frente a frente', 'cara a cara', 'gota a gota', 'face a face', etc.

55 - Outra vez tome cuidado. Quando for ao supermercado, 'peça duzentos ou trezentos gramas' de presunto, 'e não duzentas ou trezentas'. Quando significa unidade de massa, grama é substantivo masculino. 'Se for a relva, aí sim, é feminino': não pise na grama; a grama está bem crescida.

56 - É frequente se ouvir no rádio ou na TV os entrevistados dizerem: Há muitos 'anos atrás...' Talvez nem saibam que estão construindo uma frase redundante. Afinal, há já dá idéia de passado. Ou se diz simplesmente 'há muito anos...' ou 'muitos anos atrás...' Escolha. Mas não junte o há com atrás.

57 - Cuidado nessa arapuca do português: as palavras paroxítonas terminadas em -n recebem acento gráfico, mas as terminadas em -ns não recebem: 'hífen', 'hifens'; 'pólen', 'polens'.

58 - Atenção: 'Ele interveio' na discórdia, 'e não interviu'. Afinal, 'o verbo é intervir, derivado de vir'.

59 - 'Item não leva acento'. Nem seu plural itens.

60 - O certo é 'a libido', feminino. Devo dizer: 'Minha libido' hoje não tá legal.

61 - Todo mundo gosta de dizer 'magérrima', 'magríssima', mas o superlativo de magro é 'macérrimo'.

62 - Antes de particípios não devemos usar melhor nem pior. Portanto, devemos dizer: os alunos mais bem preparados são os do 2o grau. E nunca: os alunos melhor preparados...

63 - Essa história de 'mal com l', e 'mau com u', até já cansou: É só decorar: 'Mal' é antônimo de bem, e 'mau' é antônomo de bom. É só substituir uma por outra nas frases para tirar a dúvida.

64 - Pronuncie 'máximo', como se houvesse dois ss no lugar do x. (mássimo)

65 - Toda vez que disser: 'É meio-dia e meio você estará errando. 'O certo é: meio-dia e meia', ou seja, meio-dia e meia hora.

66 - Não tenho 'nada a ver' com isso, e 'não haver' com isso.

67 - 'Nem um nem outro' leva o verbo para o singular: Nem um nem outro conseguiu cumprir o que prometeu.

68 - Toda vez que usar o 'verbo gostar' tenha cuidado com a ligação que ele tem com a preposição de. Ex: a coisa de que mais gosto é passear no parque. A pessoa de que mais gosto é minha mãe.

69 - Lembre-se: 'pára', com acento, é do verbo parar, e 'para', sem acento, é a preposição. Portanto: Ele não pára de repetir para o amigo que tem um carro novo.

70 - E tem mais: 'pelo', (sem acento), é preposição (contração da preposição por com o artigo a) e pêlo, com acento, é o cabelo.


71 - E quer mais? 'Pêra', a fruta, leva acento, só para diferenciar de uma antiga preposição também chamada 'pera'. Já o plural dispensa o acento: 'peras'. Dá pra entender? O jeito é decorar.

72 - Ainda tem mais uma palavra com acento diferencial: 'pôde', terceira pessoa do singular do pretérito perfeito do verbo poder. É para diferenciar de 'pode', a forma do presente. Então dizemos: Ele até que pôde fazer tudo aquilo, mas hoje não pode mais. Percebeu a diferença?

73 - 'Pôr só leva acento quando é verbo': "Quero pôr tudo no seu devido lugar". Mas 'se for preposição, não leva acento': Por qualquer coisa, ele se contenta.

74 - Fique atento: nunca diga, nem escreva 1 de abril, 1 de maio. Mas sempre: 'primeiro de abril', 'primeiro de maio'. Prevalece o ordinal.

75 - É chato, pedante ou parece ser errado dizer quando eu 'vir' Maria, darei o recado a ela. Mas esse é o emprego correto do 'verbo ver' no futuro do subjuntivo. Se eu o vir, quando eu o vir. Mas quando é o verbo vir que está na jogada, a coisa muda: quando eu 'vier', se eu 'vier'.

76 - Só use 'quantia' para somas em dinheiro. Para o resto, pode usar 'quantidade'. Veja: Recebi a quantia de 20 mil reais. Era grande a quantidade de animais no meio da pista.

77 - O prefixo 'recém' sempre se separa por hífen da palavra seguinte e deve ser pronunciado como oxítona: recém-chegado de Londres.

78 - Não esqueça: 'retificar é corrigir', e 'ratificar é comprovar, reafirmar': "Eu ratifico o que disse e retifico meus erros.

79 - Quando disser 'ruim', diga como se a sílaba mais forte fosse - im. Não tem cabimento outra pronúncia.

80 - Fique atento: só empregamos 'São' antes de nomes que começam por consoante: 'São Mateus', 'São João', 'São Tomé', etc. Se o nome começa por vogal ou h, empregamos 'Santo: 'Santo Antônio', 'Santo Henrique', etc.

81 - E lembre-se: 'seção, com ç', quer dizer 'parte de um todo, departamento': a seção eleitoral, a seção de esportes. Já 'sessão, com dois ss', significa intervalo de tempo que dura uma reunião, uma assembléia, um acontecimento qualquer: 'A sessão do cinema demorou muito tempo'.

82 - Não confunda: 'senão', (juntinho), quer dizer"caso contrário" e 'se não', (separado), equivale a "se por acaso não". Veja: Chegue cedo, senão eu vou embora. Se não chegar cedo, eu vou embora. Percebeu a diferença?

83 - Tire esta dúvida: quando 'só' é adjetivo equivale a sozinho e varia em número, ou seja, pode ir para o plural. Mas 'só' como advérbio, quer dizer somente. Aí não se mexe. Veja: Brigaram e agora vivem sós (sozinhos). Só (somente) um bom diálogo os trará de volta.

84 - É comum vermos no rádio e na tv o entrevistado dizer: O que nos falta são 'subzídios'. Quer dizer, fala com a pronúncia do z. Mas não é: pronuncia-se 'ss'. Portanto, escreva 'subsídio' e pronuncie 'subssídio'.

85 - 'Taxar' quer dizer 'tributar', 'fixar preço'. 'Tachar' é 'atribuir defeito', 'acusar.

86 - E nunca diga: 'Eu torço para o Flamengo'. Quem torce de verdade, 'torce pelo Flamengo'. (Janistraquis garante que é melhor torcer pelo Vasco...)

87 - Todo mundo tem dúvida, mas preste atenção: 50% dos estudantes passaram nos testes finais. Somente 1% terá condições de pagar a mensalidade. Acreditamos que 20% do eleitorado se abstenha de votar nas próximas eleições. Mais exemplos: 10% estão aptos a votar, mas 1% deles preferem fugir das urnas. Quer dizer, concorde com o mais próximo e saiba que essa regra é bastante flexível.

88 - 'Um dos que' deixa dúvidas,mas, pela norma culta, devemos pluralizar. Há gramáticos que aceitam o emprego do singular depois dessa expressão: Eu sou um dos que foram admitidos. Sandra é uma das que ouvem rádio.

89 - 'Veado' se escreve com e, e não com I.

90 - Esse português da gente tem cada uma: 'tem viagem com G e viajem com J' . Tire a dúvida: viagem é o substantivo: A viagem foi boa. Viajem é o verbo: Caso vocês viajem, levem tudo.

91 - O prefixo 'vice' sempre se separa por hífen da palavra seguinte: vice-prefeito, vice-governador, vice-reitor, vice-presidente, vice-diretor, etc.

92 - Geralmente, se usa o 'x depois da sílaba inicial en': enxaguar, enxame, enxergar, enxaqueca, enxofre, enxada, enxoval, enxugar, etc. Mas cuidado com as exceções: encher e seus derivados (enchimento, enchente, enchido, preencher, etc) e quando -en se junta a um radical iniciado por ch: encharcar (de charco), enchumaçar (de chumaço), enchiqueirar (de chiqueiro), etc.

93 - Não adianta teimar: 'chuchu' se escreve mesmo é com 'ch'.

94 - 'Ciclo vicioso' não existe. O correto é 'círculo vicioso'.

95 - E qual a diferença entre 'achar' e 'encontrar'? Use 'achar' para definir aquilo que se procura, e 'encontrar' para aquilo que, sem intenção nenhuma, se apresenta à pessoa. Veja: Achei finalmente o que procurava. Maria encontrou uma corda debaixo da cama. Jorge achou o gato dele que fugiu na semana passada.

96 - 'Adentro' é uma palavra só: meteu-se porta adentro. A lua sumiu noite adentro.

97 - Não existe 'adiar para depois'. Isso é redundante, porque adiar só pode ser para depois.

98 - 'Afim' (juntinho) tem relação com afinidade: gostos afins, palavras afins. 'A fim de' (separado) equivale a para: veio logo a fim de me ver bem vestido.

99 - Pode parecer meio estranho, mas pode conjugar o 'verbo aguar' normalmente: eu águo, tu águas, ele água, nós aguamos, vós aguais, eles águam.

100 - 'Centigrama' é uma palavra masculina: dois centigramas.






13)GERUNDANDO E COMPLICABILIZANDO (Três ótimos textos de Ricardo Freire e um de Paulo Angelim)

(Lembrem-se da seguinte regra gramatical:o Gerúndio NUNCA vem depois de um verbo no Infinitivo.Lícia)

1) MANIFESTO ANTI-GERUNDISTA(Ricardo Freire)

Este artigo foi feito especialmente para que você possa estar recortando e possa estar deixando discretamente sobre a mesa de alguém que não consiga estar falando sem estar espalhando essa praga terrível da comunicação moderna, o gerundismo.

Você pode também estar passando por fax, estar mandando pelo correio ou estar enviando pela Internet. O importante é estar garantindo que a pessoa em questão vá estar recebendo esta mensagem, de modo que ela possa estar lendo e, quem sabe, consiga até mesmo estar se dando conta da maneira como tudo o que ela costuma estar falando deve estar soando nos ouvidos de quem precisa estar escutando.

Sinta-se livre para estar fazendo tantas cópias quantas você vá estar achando necessárias, de modo a estar atingindo o maior número de pessoas infectadas por esta epidemia de transmissão oral.

Mais do que estar repreendendo ou estar caçoando, o objetivo deste movimento é estar fazendo com que esteja caindo a ficha nas pessoas que costumam estar falando desse jeito sem estar percebendo.

Nós temos que estar nos unindo para estar mostrando a nossos interlocutores que, sim!, pode estar existindo uma maneira de estar aprendendo a estar parando de estar falando desse jeito.

Até porque, caso contrário, todos nós vamos estar sendo obrigados a estar emigrando para algum lugar onde não vão estar nos obrigando a estar ouvindo frases assim o dia inteirinho.

Sinceramente: nossa paciência está estando a ponto de estar estourando. O próximo "Eu vou estar transferindo a sua ligação" que eu vá estar ouvindo pode estar provocando alguma reação violenta da minha parte. Eu não vou estar me responsabilizando pelos meus atos.

As pessoas precisam estar entendendo a maneira como esse vício maldito conseguiu estar entrando na linguagem do dia-a-dia.

Tudo começou a estar acontecendo quando alguém precisou estar traduzindo manuais de atendimento por telemarketing. Daí a estar pensando que "We'll be sending it tomorrow" possa estar tendo o mesmo significado que "Nós vamos estar mandando isso amanhã" acabou por estar sendo só um passo.

Pouco a pouco a coisa deixou de estar acontecendo apenas no âmbito dos atendentes de telemarketing para estar ganhando os escritórios. Todo mundo passou a estar marcando reuniões, a estar considerando pedidos e a estar retornando ligações.

A gravidade da situação só começou a estar se evidenciando quando o diálogo mais coloquial demonstrou estar sendo invadido inapelavelmente pelo gerundismo.

A primeira pessoa que inventou de estar falando "Eu vou tá pensando no seu caso" sem querer acabou por estar escancarando uma porta para essa infelicidade lingüística estar se instalando nas ruas e estar entrando em nossas vidas.

Você certamente já deve ter estado estando a estar ouvindo coisas como "O que cê vai tá fazendo domingo?", ou "Quando que cê vai tá viajando pra praia?", ou "Me espera, que eu vou tá te ligando assim que eu chegar em casa". Deus. O que a gente pode tá fazendo pra que as pessoas tejam entendendo o que esse negócio pode tá provocando no cérebro das novas gerações?

A única solução vai estar sendo submeter o gerundismo à mesma campanha de desmoralização à qual precisaram estar sendo expostos seus coleguinhas contagiosos, como o "a nível de", o "enquanto", o "pra se ter uma idéia" e outros menos votados.

A nível de linguagem, enquanto pessoa, o que você acha de tá insistindo em tá falando desse jeito?



2) ONDE VAMOS ESTAR PARANDO (Ricardo Freire)

Se você ajudou a espalhar pela Internet aquele manifesto Xongas contra o gerundismo, parabéns. Graças a você, o movimento está tomando proporções de... bem, está tomando proporções de um movimento.

Só na semana passada o gerundismo foi assunto na CBN, na TV Globo e na Rede TV!. E o iG transformou a última quarta-feira no Dia Nacional Contra o Gerúndio.
O único senão do Dia Contra o Gerúndio do iG é que a última palavra ficou, pasme, com os DEFENSORES do futuro do gerúndio. Sim, existem DEFENSORES. Gente que acha que o "eu vou estar transferindo sua ligação" é uma EVOLUÇÃO da língua, e que não há como deter a vontade do povo.

Houve um professor que chegou a LEGITIMAR o futuro do gerúndio, usando como exemplo a frase "Não me ligue às oito e meia, porque eu vou estar jantando". Nesse caso, eu (quase) me rendo: a frase está correta, e o futuro do gerúndio, bem empregado. Mas até que essa epidemia passe, eu recomendaria a forma "Não me ligue às oito e meia, porque é a hora do jantar lá em casa".

O fato de haver PROFESSORES que mandam e-mails para o iG defendendo o telemarketês (e inclusive dizendo que isso NÃO VEIO do telemarketing, foi o povo que inventou!) demonstra o quanto precisamos nos unir para a acabar com essa praga.
Se a gente se descuidar, daqui a pouco todos os provérbios, ditados e expressões populares ficarão irreconhecíveis. Deus o vá estar livrando!

Cuidado, não vá estar colocando a carroça na frente dos bois! Por favor, não me deixe ao deus-vai-estar-dando!

As coisas vão estar acontecendo num estar piscando de olhos. Sabendo estar usando não vai estar faltando. É estar pegando ou estar largando! Ah, mas eu vou estar chutando o balde.

Estar tendo não é estar podendo. Ih, eu vou estar deitando e estar rolando.
Essa é pra estar valendo, viu? Não é pra inglês estar vendo, não!
Crianças que estudam em jardins de infância controlados por defensores do gerundismo passarão a cantar nos recreios:

"Ciranda, cirandinha / vamos todos estar cirandando / vamos estar dando a meia-volta / volta e meia vamos estar dando".

Meninos brigões vão se desafiar uns aos outros: "Vou estar te pegando na saída!". Padrinhos vão perguntar a seus afilhados:

"O que você vai estar sendo quando vá estar crescendo?".

Se Chacrinha estivesse vivo, será que seu bordão já teria virado "Vai estar indo para o trono ou não vai estar indo"? Meu Deus. E se "vamulá!" virar "vamutaindolá"? Já pensou? "VAMUTAINDOLÁ, CURÍNTIA!!!"

E tem as músicas. As suas músicas favoritas. O que Vinícius e Tom pensariam de "Eu sei que vou estar te amando / por toda a minha vida eu vou estar te amando / a cada despedida eu vou estar te amando / desesperadamente / eu sei que vou estar te amando"?

E Gonzaguinha, coitado? Estará ele condenado a revirar-se no túmulo ante um "Estar vivendo... / e não estar tendo a vergonha de ser feliz"? No Carnaval, a marchinha de maior sucesso vai ser: "As águas vão estar rolando / garrafa cheia eu não quero estar vendo estar sobrando".

Se bem que, nos cupons de compras por reembolso postal, fica adequado: "Sim! Eu vou estar querendo estar recebendo em casa este lindo jogo de 25 panelas..."

O próximo tradutor de "Hamlet" talvez precise fazer uma pequena correção no texto: "Estar sendo ou não estar sendo, eis a questão". E os títulos dos filmes, coitados? A Insustentável Leveza do Estar Sendo. Duro de Estar Matando.

A continuar assim, até os substantivos derivados de verbo vão virar gerúndio. Um belo dia você vai abrir o jornal e ler notícias sobre o estar podendo municipal, o estar podendo estadual e o estar podendo federal. "O Executivo, o Legislativo e o Judiciário estão reunidos em Brasília na Praça dos Três Estares Podendos". Gente, essa moda vai estar pegando.

Mas nem tudo está perdido. Hay que estar endurecendo, pero sin estar perdiendo la ternura jamás!



3) COMPLICABILIZANDO (Ricardo Freire)


Não, por favor, nem tente me disponibilizar alguma coisa, que eu não quero.
Não aceito nada que pessoas, empresas ou organizações me disponibilizem. É uma questão de princípios. Se você me oferecer, me der, me vender, me emprestar, talvez eu venha a topar. Até mesmo se você tornar disponível, quem sabe, eu aceite. Mas, se você insistir em disponibilizar, nada feito.

Caso você esteja contando comigo para operacionalizar algo, vou dizendo desde já: pode tirar seu cavalinho da chuva. Eu não operacionalizo nada para ninguém. Tampouco compactuo com quem operacionalize. Se você quiser, eu monto, eu realizo, eu aplico, eu ponho em operação. Se você pedir com jeitinho, eu até implemento. Mas, operacionalizar, jamais.

O quê? Você quer que eu agilize isso para você? Lamento, mas eu não sei agilizar nada. Nunca agilizei. Está lá no meu currículo: faço tudo, menos agilizar. Precisando, eu apresso, eu priorizo, eu ponho na frente, eu dou um gás. Mas agilizar - desculpe, não posso, acho que matei essa aula.

Outro dia mesmo queriam reinicializar meu computador. Só por cima do meu cadáver virtual! Prefiro comprar um computador novo a reinicializar o antigo. Até porque eu desconfio que o problema não seja assim tão grave. Em vez de reinicializar, talvez seja o caso de simplesmente reiniciar, e pronto.

Por falar nisso, é bom que você saiba que eu parei de utilizar. Assim, sem mais nem menos. Eu sei, é uma atitude um tanto quanto radical da minha parte, mas eu não utilizo mais nada. Tenho consciência de que a cada dia que passa mais e mais pessoas estão utilizando, mas eu parei. Não utilizo mais.

Agora eu só uso. E recomendo. Se você soubesse como é muito mais elegante, também deixaria de utilizar e passaria a usar.

Sim, estou me associando à campanha nacional contra os verbos que acabam em "ilizar". Se nada for feito, daqui a pouco eles serão mais numerosos do que os terminados simplesmente em "ar". Todos os dias os nossos tradutores de livros de marketing e administração disponibilizam mais e mais termos infelizes, que imediatamente são operacionalizados pela mídia, reinicializando palavras que já existiam e eram perfeitamente claras e eufônicas.

A doença está tão disseminada que muitos verbos honestos, com currículo de ótimos serviços prestados, estão a ponto de cair em desgraça entre pessoas de ouvidos sensíveis. Depois que você fica alérgico a disponibilizar, como você vai admitir, digamos, "viabilizar"? É triste demorar tanto tempo para a gente se dar conta" de que "desincompatibilizar" sempre foi um palavrão.

Precisamos reparabilizar nessas palavras que o pessoal investabiliza só para complicabilizar. Caso contrário, daqui a pouco nossos filhos vão pensabilizar que o certo é ficar se expressabilizando dessa maneira. Já posso até ouvir as reclamações : "Você não vai me impedibilizar de falabilizar do jeito que eu bem quilibiliser".

Problema seu. Me inclua fora dessa.




4)CUIDADO COM OS GERÚNDIOS

Se você coloca tudo o que você faz no gerúndio, saiba que a qualquer momento você corre o risco de ser substituído pelo profissional dos pretéritos

Por Paulo Angelim

Se você quiser comprovar a heterogeneidade das espécies profissionais,basta dar uma olhada na fauna corporativa. A gente encontra bicho de toda natureza. E todos com características bem especiais. Ultimamente, um deles tem me chamado bastante atenção. É o Gerúndio. O Gerúndio é um profissional que prima por colocar tudo que faz em um estado de constante movimento; o que a princípio parece ser muito bom, se não fosse o fato de que este estado é perpétuo. Ele nunca "é" ou "foi" algo, mas sempre "está" em algo.

Essa espécie vem se desenvolvendo rapidamente nas três últimas décadas. Principalmente por causa do fenômeno global chamado de "mudanças contínuas". A espécie interpreta que, como tudo está em constante mudança, nada pode ser concluído, tudo tem que estar se "movimentando".

Um diálogo com um Gerúndio é tão peculiar, que em poucas palavras você percebe que está diante de um integrante da espécie. Veja o exemplo abaixo, transcrito de uma escuta telefônica clandestina. É impressionante!

- Menevaldo? É o Geraldão. Como é que está aquele relatório sobre o qual nós conversamos na semana passada?

- Chefinho, fique tranqüilo, estou "terminando". Só estou "fazendo" uns ajustes finais. É rapidinho, e aí, pronto!

- Mas não era para ter ficado pronto anteontem?

- Era chefe, mas é que eu estava "esperando" que as coisas ficassem mais calmas por aqui, para conseguir dar atenção a ele.

- E o cadastro dos novos clientes, está pronto?

- Estou "finalizando", chefe. Estou só "pegando" umas últimas informações, e aí, pronto!

- Mas quando ele fica pronto?

- Estou "pensando", chefe, que até o final da semana ele está "ficando" pronto.

- "Ficando pronto", ou "vai ficar pronto", Menevaldo?

- É "ficando" mesmo, chefinho. É porque eu não sei a que horas eu vou estar "chegando" amanhã. Estou "fazendo" um trabalho na faculdade, e amanhã a gente vai estar "apresentando" na primeira aula?

- Menevaldo, e você faz faculdade?

- É chefe, eu sou "bacharelando"!!!

- Ta bom! E o controle do estoque do mês passado, Menevaldo, já mandou para a Logística?

- Ah, nem se preocupe, ainda hoje estou "mandando". Estou só "corrigindo" dados dos últimos dois dias, e aí, pronto!

- Eu imagino que o processamento do último recebimento esteja na mesma condição, certo?

- Como é que o senhor sabe? É verdade, chefe, estou "digitando" as notas e amanhã eu estou terminando".

- Menevaldo, não seria "amanhã estará terminado"?

- Ah, chefe, quem dera eu pudesse dar essa garantia. Do jeito que as coisas estão "indo", posso acabar "ficando" dois dias "fazendo" esse processamento.

- Menevaldo, eu estive PENSANDO... e acho que estou CONCLUINDO... que nos dois últimos anos você está só me ENROLANDO!!!

O Menevaldo acabou sendo substituído por outro profissional, da espécie dos Pretéritos.Esses se caracterizam por usarem termos do tipo "fiz","mandei", "enviei", "concluí" e outros similares. Outro dia, inclusive, eu encontrei o Menevaldo "enviando" currículos para algumas empresas. Estava "procurando" uma vaga.

E você, pertence à espécie dos Gerúndios ou dos Pretéritos? Minha sugestão: não fique "pensando" sobre isso. Simplesmente PENSE e CONCLUA.






14)A DESPEDIDA DO TREMA (DESCONHEÇO O AUTOR)

Estou indo embora. Não há mais lugar para mim. Eu sou o trema. Você pode nunca ter reparado em mim, mas eu estava sempre ali, na Anhangüera, nos aqüíferos, nas lingüiças e seus trocadilhos por mais de quatrocentos e cinquenta anos.

Mas os tempos mudaram. Inventaram uma tal de Reforma Ortográfica e eu simplesmente tô fora. Fui expulso pra sempre do dicionário. Seus ingratos! Isso é uma delinqüência de linguistas grandiloqüentes!

O resto dos pontos e o alfabeto não me deram o menor apoio... A letra U se disse aliviada porque vou finalmente sair de cima dela. O dois pontos disse que eu sou um preguiçoso que trabalha deitado enquanto ele fica em pé.

Até o cedilha foi a favor da minha expulsão, aquele C cagão que fica se passando por S e nunca tem coragem de iniciar uma palavra. E também tem aquele obeso do O e o anoréxico do I.

Desesperado, tentei chamar o ponto final pra trabalharmos juntos, fazendo um bico de reticências, mas ele negou, sempre encerrando logo todas as discussões.

Será que se deixar um topete moicano posso me passar por aspas?

A verdade é que estou fora de moda. Quem está na moda são os estrangeiros, é o K, o W: "Kkk" pra cá, "www" pra lá.

Até o Jogo da Velha, que ninguém nunca ligou, virou celebridade nesse tal de Twitter, que aliás, deveria se chamar TÜITER.

Chega de argüição, mas estejam certos, seus moderninhos: haverá conseqüências!

Chega de piadinhas dizendo que estou "tremendo" de medo.

Tudo bem, vou- me embora da Língua Portuguesa. Foi bom enquanto durou.

Vou para o Alemão, lá eles adoram os tremas. E um dia vocês sentirão saudades. E não vão agüentar.

Nos vemos nos livros antigos. Saio da Língua para entrar na História.

Adeus,

Trema